domingo, 23 de agosto de 2009

Recantos da vida...

Um tributo a pensar no espaço onde vivo e para onde me mudei,
à minha casa, o meu espaço, onde as paredes não falam a não
ser comigo...





Neste recanto
longe das luzes
longe da cidade
do trânsito
longe da confusão,
perto do ser
perto do desfrutar,
do sentir
do livre respirar,
reúno lembranças
pensamentos
sonhos
esperanças

Reúno propósitos...
lutar e vencer,
sonho vidas
vivê-las
e com elas crescer
com as brisas
as tempestades
as paixões
os agoiros
os amigos...

os amigos que ficam
os que vão
os que lutam lado a lado
os que torcem à distância
os que se revelam
para o bem
outros para o mal
para os que nos fazem sentir
outros sofrer
aqueles que desiludem ou desiludimos



lutar, sonhar e vencer.
Pensar no céu infinito
Mas afinal o que importa é viver
com respeito, paixão
lutar, sonhar e vencer.
Pensar no céu infinito
e no fim saber...
saber que se apenas chegámos ás nuvens
que mesmo assim valeu a pena

Saber que espalhámos sorrisos
que fomos e não seremos esquecidos
Saber que deixamos memórias
apesar de angústias
Saber que não somos perfeitos
mas que tentámos.

Por isso neste recanto
umas vezes frio
outras vezes quente
ao sabor do mundo
ao sabor da vida
ao sabor daquele que visita
daquele que é presente
importante é que sinta
que rie, fale e encante
escute e oiça
que coma e beba
importante é que se divirta.
Importante é que não esqueça
por mais banal
por mais alegre
mais intenso
ou mesmo que triste
seja ele qual for o momento
importa o que se vive
o que se sente e fica.
Para agora e para sempre
O que importa não é a rima
falhada e amadora
não é a métrica
não é a forma.

Apenas importa lembrar
Apenas importa viver
Apenas importa saber
e apenas importa amar.
_________________________
À terra,à casa,ao espaço, aos amigos,
amores, paixões,irmãos, aos primos, aos tios
mas acima de tudo, à minha mãe, ao meu pai
de quem sou fruto da carne, da vida
do carinho e do amor.
Porque por eles sou vida, sou ser
mas acima de tudo sou quem sou
tanto na dor e como no prazer.

André Aldeia
2007

Senhores Doutores...

Todos nós conhecemos e presenciamos com regularidade o fenómeno do Doutor ou Doutora em qualquer associação, instituição, departamento público e alguns sectores privados, embora estes últimos sejam mais sérios na atribuição deste tipo de graduações.
Ora, apesar do meu curto e até, ainda não muito conclusivo, percurso académico tenho o prazer de ter conhecido e convivido com várias pessoas, entre as quais alguns doutores. Mas quando falo em doutores refiro-me àqueles que concluíram com árduo trabalho um doutoramento universitário, após terem concluído uma licenciatura, um mestrado e alguns umas quantas pós graduações. Muitos deles já com alguns livros editados.
O grau académico de Doutor é algo que não está ao alcance do intelecto de qualquer um e muito menos dependente do mérito de apenas 4 ou 5 anos de estudos e formação universitária. Tanto falamos na necessidade de manter os cérebros do nosso pais por cá e ao mesmo tempo maltratamos uma classe ao banalizar o seu título. Não é que esse tipo de pessoas se importem realmente ou estudem e investiguem, sacrificando muitas vezes a sua vida pessoal para que os intitulem de doutores, mas não é por isso que deveremos faltar ao respeito a estes cérebros apenas para satisfazer o ego e falta de humildade dos milhares de licenciados, algumas vezes até incapazes de exercer as funções em campo prático e não teórico.
Ressalvo que acredito que muitos dos “Pseudo-Doutores” permitam que os tratem por tal como reflexo da sociedade e envolvidos num meio de ignorantes maus hábitos e que não tenham por isso o uso do título por qualquer motivo narcisista . Aceitam-no como um hábito já normal da sociedade em redor.
É por isso que urge, na minha opinião, alterar esta situação, trazendo mais humildade e seriedade ás instituições e reconhecer com consistência e veracidade o título de Doutor devidamente qualificado. Sendo que, por tradição e também definição da Língua Portuguesa se pode chamar de Doutor a um Licenciado em Ciências Médicas.
Qualquer pessoa que se esforça, atinge objectivos e patamares de carreira ou formação deve ser devidamente reconhecida por tal. Ao conferirmos quase que automaticamente a qualquer licenciado, muitos deles de cursos com médias de entrada de 10 valores, estamos a banalizar e retirar alguma importância aqueles que procuram outros horizontes. O ser humano é um animal de ambições que gosta de ser reconhecido pelo que é e pelo que faz, portanto deveremos manter cada macaco no seu galho deixando alguns méritos a quem de direito, deixando um estatuto de diferenciação positiva e reflexa de dedicação ser ocupado pelos seus dignos merecedores. Respeitemos os cérebros de Portugal.

A. Aldeia


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segunda-feira, 10 de agosto de 2009

História de uma borboleta


Vi um dia nos teus olhos
Toda a alegria de voar
Vi nos teus movimentos
Toda a graciosidade do desfrutar,
De viver o mundo e a alegria.
Vi nos teus sorrisos
Paisagens belas sem melancolia.

Em ti vi o mundo,
vi-o aos olhos de uma borboleta
em ti vi paixão e entusiasmo.

Quando te segui , bela borboleta,
Vi que estavas presa
Tal como se estivesses guardada,
Fechada numa rede, trancada.
Tudo o que vira era um sonho,
Um reflexo de olhos fechados,
Um mundo de uma vontade fechada.

As flores e beleza que via
Todas eram vindas de ti
Criadas por ti com alegria.

Tudo era um mundo inventado
Um mundo cinzento por ti colorido
Perfumado por aquele aroma
Aquele que sinto sempre que te encontro

Vi um mundo à parte
Vi felicidade de um sonho
Um sonho vivido num mundo
Um mundo teu, tão lindo
Tão apaixonado e perfumado
Tão especial como tu.

Mas tudo o que vi..
Tudo o que vi foi meramente a ti,
Tal mundo eras tu e o teu encanto
Um encanto próprio de princesa
Um encanto da mais rara borboleta




“tudo o que eu vi…”
Era mentira e engano
Mas de encanto e inocência,
Ivenção de uma Borboleta
De um ser puro e belo.


Sentido e apaixonado cometi um crime… abri a porta da pequena rede, da pequena prisão perfumada da bela borboleta. Quis levá-la comigo para que explorasse o mundo à sua vontade, tentei soltá-la para que sozinha descobrisse o mundo, sonhando também eu. Sonhando que essa linda criatura bela e especial me levasse com ela, me deixasse espreitar o mundo como ela o sonhava.
Sonhei que o sonho da pequena borboleta, que o seu mundo belo e colorido fosse também meu mas desta feita desfrutando-o de olhos bem abertos, viviendo-o, sentindo, olhando, tocando e cheirando juntos o bom e o mau, transformando com o seu toque especial de borboleta sonhadora o pior e o mais banal num evento especial.

Mas… com a porta aberta a borboleta que tanto admirei pouco se afastou da sua rede voltando a entrar insistentemente como se de o mundo que tanto queria tivesse medo. Tanto sonhou que pensa que o seu sonho, o seu desejo não existe senão em sonhos. Ganhou o medo de voar mais alto e se perder com brisas diferentes, suaves e preocupadas mas desconhecidas… Na sua rede mesmo que se distraia ou se deixe pairar como uma bola de sabão ao vento depressa estará segura… ou presa.

“Tento entender o teu olhar…”, a tua forma de viver, a tua forma de pensar. Só te consigo dizer pequena borboleta que o medo de voares alto te responderá um dia. A vida surge-nos uma vez e é nosso dever vivê-la, desfrutá-la, é nosso destino e obrigação.
É teu dever voar livremente, é teu direito sorrir e ver o mundo que sonhas de olhos abertos e brilhantes e tocá-lo, senti-lo.

Sou um pequeno rebento a teu lado que nem o seu casulo ainda construío, demasiado novo talvez para os seus anseios mas certo do que vê e sente, certo do que quer mas também certo do que deve.
“Tudo o que eu vi estou a partilhar contigo…” e no meu sonho, “ o que não vivi ei de iventar contigo…” todos os anos, meses semanas, horas… Para que tu, borboleta, possas sempre sorrir.

Mas o meu sonho, como o teu, vivo-o de olhos fechados, numa rede, enclausurado, esperando que tu a mim me abras a porta um dia também. E mesmo com o medo de voar alto é o que farei sem receios porque sem eles, os medos, seria apenas acto de loucura e inconsequência e não acto de certeza. Para esse dia já estou pronto.


Porque nas histórias de princesas e borboletas elas têm nomes, a esta borboleta linda e esplêndida chamarei “MEL”. Expressão doce, expressão das suas cores bronze, ternas e brilhantes, expressão do seu sonho, do seu carinho, do seu toque e do seu beijo e expressão do seu aroma suave e inconfundível.


textos abruptos do ser inspirados num original de Jorge Palma (Encosta-te a mim)