domingo, 23 de agosto de 2009

Senhores Doutores...

Todos nós conhecemos e presenciamos com regularidade o fenómeno do Doutor ou Doutora em qualquer associação, instituição, departamento público e alguns sectores privados, embora estes últimos sejam mais sérios na atribuição deste tipo de graduações.
Ora, apesar do meu curto e até, ainda não muito conclusivo, percurso académico tenho o prazer de ter conhecido e convivido com várias pessoas, entre as quais alguns doutores. Mas quando falo em doutores refiro-me àqueles que concluíram com árduo trabalho um doutoramento universitário, após terem concluído uma licenciatura, um mestrado e alguns umas quantas pós graduações. Muitos deles já com alguns livros editados.
O grau académico de Doutor é algo que não está ao alcance do intelecto de qualquer um e muito menos dependente do mérito de apenas 4 ou 5 anos de estudos e formação universitária. Tanto falamos na necessidade de manter os cérebros do nosso pais por cá e ao mesmo tempo maltratamos uma classe ao banalizar o seu título. Não é que esse tipo de pessoas se importem realmente ou estudem e investiguem, sacrificando muitas vezes a sua vida pessoal para que os intitulem de doutores, mas não é por isso que deveremos faltar ao respeito a estes cérebros apenas para satisfazer o ego e falta de humildade dos milhares de licenciados, algumas vezes até incapazes de exercer as funções em campo prático e não teórico.
Ressalvo que acredito que muitos dos “Pseudo-Doutores” permitam que os tratem por tal como reflexo da sociedade e envolvidos num meio de ignorantes maus hábitos e que não tenham por isso o uso do título por qualquer motivo narcisista . Aceitam-no como um hábito já normal da sociedade em redor.
É por isso que urge, na minha opinião, alterar esta situação, trazendo mais humildade e seriedade ás instituições e reconhecer com consistência e veracidade o título de Doutor devidamente qualificado. Sendo que, por tradição e também definição da Língua Portuguesa se pode chamar de Doutor a um Licenciado em Ciências Médicas.
Qualquer pessoa que se esforça, atinge objectivos e patamares de carreira ou formação deve ser devidamente reconhecida por tal. Ao conferirmos quase que automaticamente a qualquer licenciado, muitos deles de cursos com médias de entrada de 10 valores, estamos a banalizar e retirar alguma importância aqueles que procuram outros horizontes. O ser humano é um animal de ambições que gosta de ser reconhecido pelo que é e pelo que faz, portanto deveremos manter cada macaco no seu galho deixando alguns méritos a quem de direito, deixando um estatuto de diferenciação positiva e reflexa de dedicação ser ocupado pelos seus dignos merecedores. Respeitemos os cérebros de Portugal.

A. Aldeia


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